quinta-feira, 23 de abril de 2009

A TV aberta, o domingão e o Faustão






Dia desses descansava em frente à TV num domingo ocioso, quando comecei a reparar e lembrar das peripécias da televisão aberta.

A primeira conclusão que cheguei é que as opções de bons programas no domingo (e em outros dias também) são mais do que escassas. Todos estão cansados de ouvir esta frase. Mas por que isso acontece?

Alguém já parou para pensar que quem escolhe isso é o telespectador? Na verdade é assim: a TV impõe e o público acata; o que faz com que a televisão selecione os programas de acordo com a capacidade e expectativa de quem assiste.

Um clássico exemplo é a maravilha de programação que passa à tarde nos canais abertos. Filmes super interessantes e programas do mesmo tipo é que fazem a alegria dos reles mortais que tem a coragem de passar tardes em frente à TV. Vai ler um livro, sair pela rua, procurar emprego, estudar, ou ver vídeos no youtube, que seja! Mas é um atentado à sua saúde mental assistir “A Lagoa Azul 3 – O retorno de quem não foi”, ou então um desabafo: “Perdi minha dignidade e o amor dos meus filhos” – com Márcia Goldschmidt.


Essa grade só é colocada neste horário, porque normalmente é a hora em que a dona de casa tem um tempo para parar e prestar um pouco mais de atenção à televisão, ou que os estudantes não tem muito o que fazer e se esparramam no sofá.

Á noite acontece o mesmo, mas como todos supostamente estão em casa, a programação é “menos pior”, com telejornais (super imparciais) e novelas quase educativas. E somente próximo à madrugada, onde todos estão praticamente dormindo aparecem alguns programas dignos de se assistir, como CQC (que consegue fazer humor crítico de qualidade), Jô (não por ele, mas pelos entrevistados, que sempre agregam algum tipo de conhecimento, mesmo que seja a clássica “cultura inútil”), Passagem Para... (um programa do canal futura onde o apresentador mostra diversos países e suas culturas – bem interessante) e alguns outros.

Mas quem disse que as pessoas portadoras de uma peneira mental podem ver televisão até altas horas? – que inclusive é um programa legal também, mas já pelo nome podemos saber o horário que passa. As emissoras deixam o melhor por último, como quem diz: “Meu púbico alvo não tem capacidade e nem vontade de assistir programas bons”. E será que estão erradas nisso?

Mesmo levando em consideração o público menos instruido, maior motivo dessa grade de programas sem conteúdo, não é impossível fazer melhores trabalhos televisivos passarem no horário da tarde, por exemplo. O problema é que tem de haver empenho e vontade da parte de quem escolhe o que passar ou não na TV; porém é mais fácil fazer programas burros para que as pessoas continuem a ser como eles, pois assim não reclamam e continuam com a ideia de que “o povo gosta mesmo é de baixaria, polêmica inútil e rostinhos bonitos falando asneiras”.

Até existem programas educativos nos horários que mencionei, mas sempre estão em canais menos vistos, que às vezes nem pegam na casa das pessoas. E se pegam, a maior parte deles acabam por ser monótonos (como aqueles vídeos de história, onde o que se conta é interessante, mas aquela mulher falando a cinco por hora dá sono) ou tão específicos, que ficam direcionados a um limitado grupo de pessoas que se interessam por tal assunto e que têm tempo de ve-lo.


Sim, a televisão precisa mudar urgentemente. Mas enquanto o Gugu, que ajuda os pobres a refazer a casa e a voltar para sua terra; o Dr. Hollywood, que transforma gordas em magras, magrelas em barbies e velhas em bonecas infláveis, e o Pânico na TV, que exibe “gostosas” e pura inutilidade, o Faustão vai continuar sendo um grande gerador de besteiras, continuar falando “Oloco, meu.. Brincadeira, bixo” e interrompendo pessoas e seus domingos.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ilha das Flores?

Veja o vídeo para maior compreensão do texto.


Após ver o vídeo, vale ressaltar que não é uma crítica ao curta-metragem, mas sim uma ênfase à sua crítica. E, portanto, seguindo a linha de raciocínio do roteiro, é um texto pesado e subjetivo.



Por: Marília e André

Porco ou homem? Não sei. Vivo no meio deles, mas não sou como tais, sou mais evoluído, eu escolho o que como! Como? Pego o resto dos outros. Que outros? Os porcos! É, esses mesmos, os que usam o capitalismo a seu favor, que criam gente e porcos também. Mal sabem eles que são escravos desse "sistema", são sempre subordinados e vão automaticamente subordinando coisas e pessoas. Várias vezes aparece aqui uma garrafa com rótulo vermelho e detalhes brancos. Que tipo de líquido será que ela comporta? Será que faz bem? Será que estraga? Será que um dia deixarei de ve-la por aqui? Não sei, mas deve ser gostoso, pois tem tanto! O que é gostoso? Gostoso para mim é comer um tomate inteiro e ter os meus cinco minutos de escolha. Sim, porque eu escolho! Nessa hora sou que nem gente, posso recolher o que os porcos não comem, tenho liberdade, não tomo conta de subordinados e nem pago impostos, que nem o dono do terreno aqui.

Pensando bem, para este homem eu sou meio porco, gente e bicho aqui vivem juntos e de um modo geral, comemos o que ele nos dá. Mas é inútil pensar nisso agora, está na minha hora. Sou o próximo da fila, aqui na Ilha das Flores - de plástico.