... And I've been already tired like a dog.
5:40 AM
Acordei feliz: hoje arrumo meu emprego !
Tomei um café da manhã como gosto, bem 'reforçado' como diria minha avó, porque ia passar um tempo fora de casa e não estou em condições de ficar comendo na rua.
Alguma coisa me dizia que não seria tão fácil, mas estava disposta mesmo!
Vesti, maquiei, perfumei, peguei a bolsa e fui embora. Nunca tinha ido à um centro de apoio a trabalhadores pra procurar um emprego, primeira vez naquele ônibus, primeira vez naquele endereço. Saio do coletivo, ando umas 4 quadras (tamanho padrão São Paulo, que são bem diferentes das do interior, vale constar) chego no local. Calculo umas 100 pssoas. Vou pegar a senha com o senhor que está na porta, senha nº 347 . O senhor pergunta: Você trouxe a carteira de trabalho?
Sabia que algo não estava compelto.
- Não, senhor.
- Sem a carteira de trabalho você não consegue um trabalho, certo? Olha, (com cara de piedade) vou te dar essa senha, você volta até as 14:00 aqui com a senha e a carteira de trbalho; e me procura.
- Tá bom.
Ando umas 3 quadras, viro a direita, a direita novamente, sigo reto umas 2 quadras, passo por umas barraquinhas de camelô, olho correndo, pergunto a um deles onde seria a Praça Dona Benta, nela me localizaria, segui por mais um quarteirão, cheguei na praça e desci até o ponto de ônibus. Estava com sorte: o primeiro que passou iria pra minha rua, entrei, quase caí, sentei. Em 15 minutos estava no destino.
Ando mais umas ruas té chegar no prédio, subo, pego a carteira de trablho e um livro, '347 pessoas na minha frente, acho que vai demorar.'
Volto ao ponto de onibus, com a senha dentro da past... Cadê a senha?
Abro a pasta, tiro os curriculos, não está. Volto à ultima rua que andei, mas espera, atravesei uma avenida e o vento com certeza levou a senha lá pra baixo. Mas vou procurar mesmo assim, ando olhando para o chão, quase sou atropelada por um carro que sai da vaga da padaria, não foi nada, procuro, procuro.
Volto ao ponto de ôninbus pensando em que desculpa dar ao senhor da senha, entro no mesmo que fui da primeira vez, sento ao lado de uma mulher rechonchuda com perfume ruim, decido contar a verdade com a cara lavada. Ele me dará outra, certeza. Mas que descuido meu!
Saio, ando as 4 quadras, chego no lugar finalmente. Procuro fugir do senhor da senha, tem outro homem perto dele que também trabalha alí. Ele me pergunta o que quero, digo: uma senha.
- Ih, moça, as senhas já acabaram. Hoje tá difícil, viu, o sistema nem começou operar e já tá tudo lotado. Passa aqui amanhã mais cedo.
terça-feira, 27 de maio de 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
A senhora, o patinho e o gatinho

Era mais ou menos 17:40 de uma terça feira, véspera da véspera do feriado e lá eu ia rumo a minha cidadezinha passar o feriado.
Entro no metrô, faço baldeação, entro no outro. Meio apertada, porque minha mochila dobrava meu diâmetro, tinha que ter cuidado. Sem lugares pra sentar, estavamos eu e uma mulher de frente pra porta que entramos e, encostada nesta, uma outra moça, um rapaz e uma senhora, que estava bem na minha frente.
A senhora vestia uma regata larga vermelha, saia preta de bolinhas brancas até o joelho, sapato preto, unhas vermelhas descascadas, coque na cabeça e uma bolsa bege com um patinho e um gatinho de pelúcia um pouco maiores que meu dedão, pendurados como chaveiro na bolsa. Eram bonitinhos.
Então a senhora pega os bichinhos, os coloca em cima do zíper da bolsa, virados de cabeça pra baixo. Logo depois, do nada, ela olha pra mim e diz:
- Sabe que outro dia não me deixaram entrar no metrô por causa deles? (apontando pros bicinhos) .
Eu, como adoro uma conversa, e justamente porque não tinha entendido o porquê daquele comentário e nem a razão do que ela disse, perguntei:
- Verdade? Mas por quê?
- Porque me disseram que eu não podia entrar com animais aqui no metrô, acredita?
(eu começei a rir, claro) - Mas agora não tem mais problema porque eles não vão mais fazer barulho, eu coloquei eles pra dormir hehe.
Ela falava sério, e de começo eu e todos que eu citei aqui riram disfarçadamente. Então eu continuei a conversa:
- Tá certo, não pode deixa-los acordados no metrô. Mas verdade mesmo que não te deixaram entrar por causa deles? Que judiação. Eles não fariam mal a ninguém!
- Pois é, menina. Eu nem acreitei quando o moço falou, mas depois ele falou tão sério que eu fiquei até com medo. Mas eu não ia deixar os bichinhos aqui e ir embora sem eles, né, moça..
- Com certeza.. Fez bem a senhora..
A mulher ao meu lado ria mais a cada vez que eu dava espaço e continuação a essa história maluca. Depois dessa conversa principal, a senhora disse mais umas duas vezes que agora estaria tudo bem, que eles não fariam mais barulho porque ela já os colocou pra dormir..
Depois de sair do metrô, ela foi pra um lado e eu pra outro. E eu fiquei pensando o que levaria a mulher a falar aquilo pra mim e porque ela o falaria. Pode ser um tanto de loucura (no sentido que todos usam, porque eu não acredito em loucura), algum distúrbio mental, apesar de não ser visível, ou vontade de não falar coisa com coisa, ou vontade de fazer os outros rirem, ou outras milhões de possibilidades.
A verdade é que nesse mundo nunca se sabe nada sobre ninguém, nenhuma aparência é verdadeira, todas enganam. Nem nós mesmos nos conhecemos a fundo, como o faríamos com os outros? Por isso tenho paixão por humanos, seus pensamentos e atitudes. Eles são imprevisíveis até nos seus instintos, têm mais coisas ocultas que a Terra, têm mais pensamentos pecaminosos que um coroinha de igreja, mas ao mesmo tempo têm pensamentos puros, tem sorriso, tem sentimentos e sensações boas.
Viva os humanos!
E, claro, essa faz parte de mais uma das minhas aventuras nos transportes coletivos de São Paulo..
quinta-feira, 15 de maio de 2008
L.S.
Queria me libertar.
Estava eufórica, me acalmei
Estava triste, alegrei
Estava perdida, me encontrei
Estava doente, curei
Estava buscando, achei
Estava qurendo, não quis
Estava amando, não quis
Estava caminhando, não quis
Estava sorrindo, não quis
Estava cantando, não quis
Estava liberta, não quis
Liberdade Sufocante.
Estava eufórica, me acalmei
Estava triste, alegrei
Estava perdida, me encontrei
Estava doente, curei
Estava buscando, achei
Estava qurendo, não quis
Estava amando, não quis
Estava caminhando, não quis
Estava sorrindo, não quis
Estava cantando, não quis
Estava liberta, não quis
Liberdade Sufocante.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Feliz estranheza
Em uma superlotação típica de São Paulo às 6:00, eu e meus pensamentos nos espremiamos em alguns centímetros de chão, divididos com os outros que, com semblante cansado, cochilavam entre uma parada e outra.
Juntamente com Amy Winehouse, tentava "matutar" como chegaria em casa, já que era a primeia vez que tomava aquele coletivo.
Olho para os lados e, na multidão, reparo em duas mulheres: uma com cara de quem me batería se a perguntasse algo e outra ao telefone. O tempo passando, eu sem saber onde descer. E se fosse o ponto que passou? Será que vai demorar?
Terminada a ligação da mulher com cara mais agradável, getilmente tirei os fones de ouvido e a perguntei qual seria o melhor caminho para ir à "Sabará". Ela meio indecisa, me disse que não sabia direito, mas provavelmente eu desceria no mesmo ponto que ela e tomaria algum outro ônibus. Ok, mas qual? E onde? Já eram 7:38. A agradeci, como manda a boa educação, não iria dizer: ok, você solucionou 25% do meu problema, não ajudou muito.
As pessoas dos assentos na nossa frente saíram e, vitoriosamente nos sentamos.
- Falta muito pra chegar? - Perguntei querendo um não.
- Ah, falta um pouquinho sim..
Maravilha! Eu sempre gostei de ficar horas no ônibus mesmo, nem estou cansada.
A mulher pega o celular novamente. Disca. Diz o nome do ônibus que estamos.
- Você quer descer a Sabará, não é? - Me pergunta rapidamente.
- Sim, sim, mas por qu - sem me esperar, fala ao telefone: É, descer a Sabará.
Será que ela vai me roubar? Vai mandar a máfia me seguir? Vai até o apartamento comigo me espancando? Vai colocar espiões pra qualquer dia desses me raptarem? (NÃO rapte-me camaleoa) Ai meu Deus, tudo passa na cabeça da interiorana que acaba de chegar.
- Ah, tá bom, o El Dorado, atravessando a rua, Obrigada! - desliga o telefone.
- Bem, descemos no próximo ponto e eu te digo onde tem que ir. Liguei pra central de ônibus aqui de São Paulo e você vai ter que pegar o "El Dorado" atravessando a rua. Vem, vamos descer. Bom, vamos rápido pra pegar o sinal fechado. Eu fico por aqui, mas é só atravessar e esperar, vai lá, boa sorte!
- Obrigada ! - Boquiaberta e sorridente a agradeci.
O que acontece com esse povo, minha gente? É raça extinta? Achei super estranho a mulher gastar seus créditos só pra me ajudar, mas tenho que lembrar que estou num lugar onde tudo é possível, até a bondade! Horrorshow.
E o ônibus era exatamente aquele que ela falou.
Salve à mulher do ônibus !
Juntamente com Amy Winehouse, tentava "matutar" como chegaria em casa, já que era a primeia vez que tomava aquele coletivo.
Olho para os lados e, na multidão, reparo em duas mulheres: uma com cara de quem me batería se a perguntasse algo e outra ao telefone. O tempo passando, eu sem saber onde descer. E se fosse o ponto que passou? Será que vai demorar?
Terminada a ligação da mulher com cara mais agradável, getilmente tirei os fones de ouvido e a perguntei qual seria o melhor caminho para ir à "Sabará". Ela meio indecisa, me disse que não sabia direito, mas provavelmente eu desceria no mesmo ponto que ela e tomaria algum outro ônibus. Ok, mas qual? E onde? Já eram 7:38. A agradeci, como manda a boa educação, não iria dizer: ok, você solucionou 25% do meu problema, não ajudou muito.
As pessoas dos assentos na nossa frente saíram e, vitoriosamente nos sentamos.
- Falta muito pra chegar? - Perguntei querendo um não.
- Ah, falta um pouquinho sim..
Maravilha! Eu sempre gostei de ficar horas no ônibus mesmo, nem estou cansada.
A mulher pega o celular novamente. Disca. Diz o nome do ônibus que estamos.
- Você quer descer a Sabará, não é? - Me pergunta rapidamente.
- Sim, sim, mas por qu - sem me esperar, fala ao telefone: É, descer a Sabará.
Será que ela vai me roubar? Vai mandar a máfia me seguir? Vai até o apartamento comigo me espancando? Vai colocar espiões pra qualquer dia desses me raptarem? (NÃO rapte-me camaleoa) Ai meu Deus, tudo passa na cabeça da interiorana que acaba de chegar.
- Ah, tá bom, o El Dorado, atravessando a rua, Obrigada! - desliga o telefone.
- Bem, descemos no próximo ponto e eu te digo onde tem que ir. Liguei pra central de ônibus aqui de São Paulo e você vai ter que pegar o "El Dorado" atravessando a rua. Vem, vamos descer. Bom, vamos rápido pra pegar o sinal fechado. Eu fico por aqui, mas é só atravessar e esperar, vai lá, boa sorte!
- Obrigada ! - Boquiaberta e sorridente a agradeci.
O que acontece com esse povo, minha gente? É raça extinta? Achei super estranho a mulher gastar seus créditos só pra me ajudar, mas tenho que lembrar que estou num lugar onde tudo é possível, até a bondade! Horrorshow.
E o ônibus era exatamente aquele que ela falou.
Salve à mulher do ônibus !
quinta-feira, 27 de março de 2008
O ronco..
Há muitos anos divido o quarto com meu primo e tio e a preocupação é sempre a mesma: temos que dormir antes do meu tio, porque depois complica.. Não que ele seja um homem agressivo, longe disso, ele é um simpático gordinho que gentilmente cede a casa - até o quarto - para mim, que tive de viver só, desde os 7 anos. Já me acostumei, mas no começo era dificil.
Uma vez, quando fazia uns 5 anos que morava lá, era moleque e queria dormir, mas tio Zé não me deixava, fiz a besteira de ir pra cama depois dele e recebi meu 'castigo': o maldito ronco do queridão. Parece um porco com dores abdominais, ou um trator inguiçado, não sei, talvez a mistura dos dois; só sei que é infernal e deixa qualquer cidadão de bem com vontade de matar o causador da moléstia. Bem, tentando dormir, pensava em algum jeito de parar com aquilo, quando tive a brilhante idéia de dar pequenos chutes em sua cama, já que esta ficava bem ao lado da minha.. Era assim: ele roncava com mais ênfase e eu chutava; ele parava, mas logo retomava o fôlego e começava novamente; eu chutava, ele pausava e retomava..até que chegou uma hora em que ele, de saco cheio, falou: Porra! Dá pra parar de chutar minha cama? Tô tentando dormir!! - Se ele estava tentando, imagina eu !
Bom, passada essa noite quase em claro, tinha que armar algum método mais eficiente, porque chutar a cama não adiantava e se entrasse no quarto fazendo barulhos ele acordaria bravo de novo.. O que fazer? Eu, o prejudicado da história, me passando por vilão só pra conseguir uma noite de sono. Isso não tem cabimento!
No dia seguinte fui deitar mais cedo que ele, pra não correr o risco, mas o fato da noite anterior me impactou de tal forma que fiquei traumatizado e não conseguia dormir. Pois bem, ele chegou, deitou e começou a barulheira.. Entre um rolar e outro na cama, já com sono, só esperando ele parar um segundo pra que conseguisse dormir, me veio a magnífica idéia que salvou minha noite.. Lembrei de uma marca de meu pai, que era falar enquanto dormia. Parece que era algo hereditário, mas era coisa rara entre os filhos, eu mesmo tive uns dois episódios assim. Esse seria o terceiro.
Sem esperar mais nem um minuto, como uma múmia, só levantei meu tronco e falei bem alto "NÃO! EU NÃO POSSO SER ROUBADO! NÃAOO!!" e, ofegante, deitei e ouvi: Puta merda hein Pedro, pra que berrar no meio da noite, me acord.. e antes d'ele terminar a frase, meu primo, que acordou assustado, me defende: Não, pai, ele fala enquanto dorme mesmo, coitado! Nem rasgue com ele..
Pronto! Depois disso meu tio demorou mais uns 5 minutos pra dormir, tempo suficiente para eu pegar no sono e pensar "De hoje em diante, tenho um distúrbio: falo enquanto durmo (na casa do meu tio)!"
Uma vez, quando fazia uns 5 anos que morava lá, era moleque e queria dormir, mas tio Zé não me deixava, fiz a besteira de ir pra cama depois dele e recebi meu 'castigo': o maldito ronco do queridão. Parece um porco com dores abdominais, ou um trator inguiçado, não sei, talvez a mistura dos dois; só sei que é infernal e deixa qualquer cidadão de bem com vontade de matar o causador da moléstia. Bem, tentando dormir, pensava em algum jeito de parar com aquilo, quando tive a brilhante idéia de dar pequenos chutes em sua cama, já que esta ficava bem ao lado da minha.. Era assim: ele roncava com mais ênfase e eu chutava; ele parava, mas logo retomava o fôlego e começava novamente; eu chutava, ele pausava e retomava..até que chegou uma hora em que ele, de saco cheio, falou: Porra! Dá pra parar de chutar minha cama? Tô tentando dormir!! - Se ele estava tentando, imagina eu !
Bom, passada essa noite quase em claro, tinha que armar algum método mais eficiente, porque chutar a cama não adiantava e se entrasse no quarto fazendo barulhos ele acordaria bravo de novo.. O que fazer? Eu, o prejudicado da história, me passando por vilão só pra conseguir uma noite de sono. Isso não tem cabimento!
No dia seguinte fui deitar mais cedo que ele, pra não correr o risco, mas o fato da noite anterior me impactou de tal forma que fiquei traumatizado e não conseguia dormir. Pois bem, ele chegou, deitou e começou a barulheira.. Entre um rolar e outro na cama, já com sono, só esperando ele parar um segundo pra que conseguisse dormir, me veio a magnífica idéia que salvou minha noite.. Lembrei de uma marca de meu pai, que era falar enquanto dormia. Parece que era algo hereditário, mas era coisa rara entre os filhos, eu mesmo tive uns dois episódios assim. Esse seria o terceiro.
Sem esperar mais nem um minuto, como uma múmia, só levantei meu tronco e falei bem alto "NÃO! EU NÃO POSSO SER ROUBADO! NÃAOO!!" e, ofegante, deitei e ouvi: Puta merda hein Pedro, pra que berrar no meio da noite, me acord.. e antes d'ele terminar a frase, meu primo, que acordou assustado, me defende: Não, pai, ele fala enquanto dorme mesmo, coitado! Nem rasgue com ele..
Pronto! Depois disso meu tio demorou mais uns 5 minutos pra dormir, tempo suficiente para eu pegar no sono e pensar "De hoje em diante, tenho um distúrbio: falo enquanto durmo (na casa do meu tio)!"
sábado, 22 de março de 2008
noites perdidas..

Num quarto à meia luz, em alguma hora da madrugada, ela passava mais uma das noites que julgava perdidas, trash. Olhava para aquele rosto em processo de masculinização, que a beijava sufocada e desesperadamente, como se tivesse que aproveitar o que logo acabaria. O corpo era bonito, com apenas uma bermuda branca e sua roupa íntima, peito e braços e delicadamente definidos, cabelo gostoso e cara bonita. O uísque agravara a situação e euforia, ela sorria, corria as mãos por corpo e cabelo, rosto e braços, beijava-o com desejo, mas sem satisfação.
Parou com aquela coisa que não sabia bem explicar o que era, sexo ela conhecia, mas não era o que acontecia, era como um ensaio para tal, que costuma ser bom. Não estava feliz. Olhava, respirava fundo, olhava novamente, tentando enxergar um rosto que a passasse um sentimento bom, conforto, carinho, quem sabe até amor. Mas não o encontrava, era só um rosto acompanhado de corpo que a queria devorar. Se sentia mal, mesmo com um pouco de álcool, sua cabeça pensava direito e sabia classificar aquela situação. Parou, desgrudou daquela carne que ao seu lado colava como chiclete no corpo desproporcional, porém bonito e desejado pelo guri - e como!
Levantou meio zonza, mas já prticamente sóbria. Abriu a porta do quarto, o corredor estava escuro também, só com a luz e barulho da televisão ligada lá no fundo, com meia dúzia de gente que dizia assistir. Estava na casa de sua amiga. Saiu pelo jardim da frente, com as pernas moles mas pisando forte, como se o chão tivesse culpa de suas atitudes, tudo era motivo. Sentiu asco de si, com o braço que esfregava na boca, como que para tirar o gosto daquela noite insistente em não acabar. Foi até a piscina, molhou as mãos que automaticamente dirigiram-se para o rosto e cabelos, enfraquecendo a maquiagem mais-que-borrada e a escova feita em casa. O perfume com cheirinho de flor nem se sentia mais. Queria saber o por quê daquilo, queria algo mais completo, pensava no amor quase dormido que sentia por um velho amigo e sabia que era recíproco, e que, se fosse ele no lugar do bonitinho ela estaria plena e ainda na cama, sem asco nem desejo de a noite acabar. Existia vergonha entre os dois, queriam não ter defeitos um para o outro, sem saber que isso era o que fazia esse amor dormir. - Pensava olhando fixamente para a grama, com olhos baixos mas sem piscar. Se sentiu esvaziada, o único que funcionava era o coração batendo quase imperceptível, fazendo um calorzinho.
Voltou para a sala, deitou no sofá para ver o filme. Adormeceu. Acordou e viu, com os olhos embaçados, a amiga dizendo que a carona tinha chegado. Foi embora e no dia seguinte acordou cedo, com insônia. Aquela sensação ruim tinha passado, mas do amigo ela ainda lembrava.
quarta-feira, 19 de março de 2008
mais uma dessas coisas que eu penso..

Agora mesmo posso sentir a sensação que tenho quando entro no avião e mais acentuada quando saio. Fui, disse que ia voltar e voltei. O tempo não foi o esperado, porém suficiente.
Conheci gente nova, interessante e bonita. Culturas diferentes e opiniões variadas, um arranque para uma cabeça mais completa, que sonha com o mundo e suas descobertas. Quero mais! - sem parecer propaganda de gelatina.
Mal cheguei e já estão me tocando pra fora de casa, tenho que me mexer e começar de fato minha vida. A minha. A que eu faço e dito minhas regras, conforme manda o sistema: trabalhar, estudar e morar fora de casa, a chamada independência. Eu acredito que isso tudo está muito massificado, como: a sociedade diz o que tem que ser e assim é, sem mais. Sem discutir, como diria minha mãe me dando uma lição de moral. Mas espera um pouco. Se é o sistema quem dita, onde fica minha independência e liberdade?
A verdade é que temos uma pseudo liberdade, como um subordinado, que "faz o que quiser" dentro das normas do patrão. Se o fizer bem feito, ganha, porém se o fizer mal feito, ninguém tem piedade e te absolve de seus pecados, e pior ainda se não se mover pra nada.
Por esse bem-colocado exemplo se pode ter uma idéia sobre a vida e suas obrigações, que são sempre nesse formato. Entre os humanos não existe o mais poderoso de todos, porque sempre vai ter alguém ou alguma coisa que te fode a vida se você não fizer o que este pede, é sempre fôrma em cima de fôrma, sem fim e sem saída. Todos têm que faze-lo se não não vive, vegeta e apodrece.
Eu já tive um pensamento mais radical, nos meus tempos de descobrimento da adolescencia, aquele pré adolescente chato que responde a tudo e todos com ácidas palavras e achando que o mundo era muito ruim e que eu não iria fazer parte disso, eu quebraria o sistema e viveria da minha forma.
Hoje sou mais pacífica em relação à isso. Uma pessoa não sobrevive se não utilizar nem um mínimo do sistema e consequentemente fazer parte dele.
Se fosse analisar friamente, morreria de depressão achando que nada vale a pena, mas, de uma forma covarde, como que para fugir disso, prefiro analisar calorosamente e
sonho mais acordada que dormindo.
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